O InÃcio do Fim das Bandas Tarifárias
Quem acompanha o blog há algum tempo já ouviu muito sobre as bandas tarifárias. Foram elas, inclusive, um dos maiores motivadores para o meu interesse no estudo de formas alternativas para fugir dos preços praticados no Brasil.
A IATA (International Air Transport Association) é uma associação das maiores cias aéreas do mundo que foi criada a fim de proteger os interesses das próprias cias aéreas e ao mesmo tempo impedir uma concorrência mais intensa entre as associadas. Para impedir grandes disparidades tarifárias, a IATA criou um tabela de valores para cada rota em cada classe de serviço. Esses valores passaram a ser referência para as cias aéreas e sobre eles elas aplicavam descontos progressivos nas passagens segundo seus interesses comerciais. A idéia inicial era de controlar esses descontos.
O DAC e a sua sucessora ANAC, na verdade o Governo Brasileiro, sempre encaram as resoluções da IATA como se leis fossem, mesmo sendo a associação formada e gerida segundo interesses comerciais das cias aéreas. A fim de proteger as nossas cias aéreas das concorrentes internacionais, foram criadas a Bandas Tarifárias que são na verdade intervalos de preços criados pela ANAC tendo como base as passagens cheias da IATA. Dessa forma, uma cia aérea nacional ou estrangeira teria limites superiores e inferiores na hora de definir o preço cobrado por uma passagem em determinada rota. Isso fez com que as nossas cias, mesmo com uma administração caótica e oferecendo produtos muitas vezes inferiores as das cias internacionais, pudessem auferir lucros, já que as concorrentes mesmo que se quisessem não conseguiriam cobrar preços inferiores aos praticados pelas nossas cias. Outro efeito colateral sentido pelo consumidor foi a exclusão do Brasil das superpromoções de passagens aéreas vistas nos mercados onde a concorrência é livre e incentivada.
Mas as coisas começaram a mudar. Neste ano de 2008 vimos o fim das bandas tarifárias nos vôos dentro da América do Sul. Mas se as bandas é que limitavam a queda dos preços das passagens internacionais por que não vimos as superpromoções? Não vimos porque o mercado Sul-Americano é dominado por um número pequenos de cias aéreas e três das maiores cias aéreas não têm interesses em mover uma concorrência entre elas. A Lan, Tam e Varigol preferem deixar a coisa como está, mais ou menos como ocorre no mercado doméstico. Lembrando que a Tam e a Lan têm acordos comerciais. A Taca e a Copa promovem alguma concorrência em algumas rotas, mas nada semelhante ao visto na Europa ou EUA.
Agora, a ANAC vai iniciar a liberação das bandas tarifárias nos vôos internacionais para fora da América do Sul. A partir de 01 de janeiro de 2009 será permitido um desconto de 20% sobre o valor mÃnimo permitido na atualidade. Em 01 de abril, o desconto máximo passa a ser de 50% e em 01 de julho passa a ser de 80%. Já no primeiro dia de janeiro de 2010 chega ao fim as bandas tarifárias no Brasil!
Se a liberação tarifária nas rotas sul-americanas não surtiu o efeito desejado, a concorrência nas rotas para a Europa, EUA e Ãsia é muito maior que a capacidade da cia nacional dona do quase monopólio dos vôos internacionais ou das demais cias da América Latina de controlarem o mercado. Não vamos esperar grandes promoções nos perÃodos de alta temporada, mas na baixa poderemos ver tarifas muito interessantes. A Tam vai ter que mostrar serviço e respeito ao consumidor, além de preço para manter o domÃnio que ainda tem do mercado.
Que venha a concorrência!
Para se ter uma idéia das tarifas, leia a tabela abaixo. Mas eu não ficaria muito animado com os valores com 80% de desconto. Eles são possÃveis, mas improváveis. Já os com 50% de desconto são mais realistas e próximos aos cobrados na promoções pelo mundo afora. (baseada nas tarifas referência publicadas pela ANAC)
Category: ANAC, Consumidor, Promoção
Rodrigo, queria uma dica sua. Pretendo ir para a Nova Zelândia em fevereiro, mas estou adiando a compra das passagens por conta das oscilações do dólar. Você acha que devo comprar agora ou espero a virada do ano? Obrigada!
A esperança realmente é ver se funcionará esta queda das bandas ou se vai ocorrer o mesmo que ocorreu com a América do Sul, que no final ficou a mesma coisa que era antes.
Haja falta de concorrência, viu 🙁
Rodrigo,
esta tabela de referência varia de acordo com as cidade de origem e destino também? Pergunto isso porque se pegarmos a tarifa base entre Brasile e Portugal, por exemplo, esta é de U$863,00 e a Air France anuncia passagens por US$ 817,00 mesmo se considerar que os voos são via França, a tabela Brasil-França tem um mÃnimo de US$869,00. Como Pode?
Segundo esta tabela RIO-Buenos Aires custa o mesmo que POA-Buenos Aires?
[]’s e parabéns pelo novo site.
Rogério
Rodrigo, talvez eu esteja ressabiado em razão de o fim das bandas tarifárias nos vôos para a América do Sul não ter significado nada na prática. Minha impressão é a de que também o fim das bandas tarifárias nos vôos para fora da América do Sul não vai significar muito. A concorrência, embora seja um pouco maior do que nos vôos para a América do Sul, não é tão intensa como é na Europa ou nos EUA. Será que se pode falar que existe concorrência em vôos, p. ex., para o México ou para o Canadá? Mesmo para a Europa e para os EUA, a quantidade de companhias aéreas voando para estes destinos não é tão grande assim. Quero muito estar errado e peço desculpas se estiver sendo cético, mas, infelizmente, acho que, de novo, o consumidor brasileiro vai ficar chupando dedo…
Um grande abraço para você e sempre parabéns pelo blog.
PêEsse
Dúvida:
Essas datas (01/01, 01/04 e 01/07) referem-se à data de compra do bilhete ou à data do vôo ?
Parabéns pelo blog
Abraço
Olá, Rodrigo
Mais uma boa novidade. Após a liberação da banda de preços para vôos internacionais, a ANAC colocará em consulta pública a liberação de vôos de cias. aéreas estrangeiras que partam de fora de sua paÃs de origem. Hoje, isso é proibido aqui no Brasil.
Um exemplo: hoje a Air France só pode voar para o Brasil partindo da França, onde se localiza seu hub, e vice versa. Futuramente ( assim espero)poderá voar também , com destino final ao Brasil ( e vice versa),partindo de outros paÃses. Não será mais necessário, tanto na ida como na volta, ir até o seu hub, ou seja ,a França.Ou no caso de compra de outros destinos servidos pela Air France, necessariamente ter de passar pela França como escala ou conexão. Considero isso positivo, uma vez que hoje, na citada rota, para vôos diretos, contamos apenas com uma nacional ( TAM, que todos sabem qual é o serviço e preços) e a empresa do tal paÃs, no caso deste exemplo, a Air France. A notÃcia foi veiculada hoje pela manhã, na rádio Band News pela jornalista Mônica Bergamo. O jornalista Ricardo Boechat, em seguida, citou o exemplo de uma busca feita à tÃtulo de demonstração dos preços abusivos cobrados aqui. Fez a busca Madrid – Roma e encontrou como média de valores, R$ 300,00 ida e volta ( 3 horas de vôo em média e chutando o câmbio do euro a mais de R$ 3,00). Já no Brasil, o trecho São Paulo – Salvador , também ida e volta , sai pelos inacreditáveis R$ 900,00 !!!!!!! Onde vamos parar ! Desculpe o tamanho do comentário!
Rodrigo, excelente seu post, claro e elucidativo. Os blogs são formadores de opinião por sua independência e mobilidade e já exercem alguma pressão sobre a polÃtica das empresas. Esperamos ter melhores perspectivas de descontos para o consumidor. Abraços
Val, a qantas estava com promocao ha poucos dias, era tipo “paga 1 passagem e viajam duas pessoas”. O que esta anunciando por aqui (Australia) eh que a ocupacao esta muito baixa e as empresas estao fazendo essas promocoes. Eu recomendaria ficar de olho no site da qantas, agora que ela tem um voo via argentina e outro via chile, e se nao me engano ambos tem auckland no meio
Val,
É muito difÃcil em tempos de variação cambial dar uma opinião. O negócio é encontrar uma tarifa boa. Acertar a cotação futura do dólar é muito difÃcil. Acho que cai, mas não sei quando…
Alex,
O sindicato das cias aéreas é contra. Só isso já me anima a pensar que pode vir algo melhor para o nosso lado.
Rogerio,
Essa tabela é base São Paulo, onde as tarifas costuma ser mais baratas… No caso de POA/BUE foge a essa regra.
PêEsse,
Acho que no caso de passagem para fora da América do Sul os acordos entre as cias são mais difÃceis..
Flávia,
Estamos tentando fazer uma polÃtica de céus abertos, mas as nossas cias vão brigar muito contra isso…
Carioca,
A partir de de quando os descontos podem ser implantados. Tem que esperar dar a data para ver qual vai ser o desconto real.
Majô,
Obrigado pelo apoio de sempre! São os leitores a alma do blog!
Rodrigo,
Queda das bandas tarifárias subiu no muro.
Veja o Link Abaixo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u484428.shtml
Parece que a TAM conseguiu barrar a queda das Bandas Tarifárias no Supremo.
Se der, feliz ano novo!!!
Rodrigo,
No Panrotas fala sobre a mesma coisa.
http://www.panrotas.com.br/canais/redacao/plantao/portal_reader_noticia.asp?cod_not=43600
Dizem que foi o Snea, mas pode-se ler TAM nas entrelinhas, já que seria a única prejudicada, né?
[]’s
Rogério
A TAM é mto engraçadinha mesmo. Enquanto briga para que não ocorra o fim das bandas tarifárias alegando que as cias. internacionais têm subsÃdios, nos esfrega na cara aberrações como essa:
GRU-JFK-GRU: R$ 2.700,00
Lima/Peru-JFK-LIM: R$ 1.400,00 (via GRU) – fazendo conexões nos mesmos vôo que nós temos que pagar quase o dobro.
Seria cômico se não fosse trágico.